quinta-feira, 18 de março de 2010

Entrevista cedida ao blog Sobra de Panela...

Para estrear este espaço convidamos uma banda que merece todos os elogios, os caras mandam uma sonzera apavorante, com letras interessantes e tudo muito bem produzido, tudo isso no compasso da independência musical. Para você que esta procurando uma banda de rock que foge dos parâmetros existentes hoje no mercado, mas que proporciona ao ouvinte uma virtuose de idéias e sonoridades, esta aqui a banda que vai lhe agradar. MONAURAL pode ser chamado de monofônico, ao pé da letra significaria “mono”, o inverso de “stereo”, não sei se essa é a idéia, mas o nome é bem original e pela origem do nome nos leva a pensar em um som sem muita frescura. Vamos ver o que os integrantes dessa banda paulistana podem nos falar sobre isso e muito mais.

Momó: Velho, a pergunta mais clichê que existe é essa, mas necessária para qualquer leitor, como surgiu a banda? E quando?

Ayuso: A banda surgiu em 2003 quando herik resolveu me convidar para voltar a tocar umas músicas da minha antiga banda, Bionic Shoes que ele acompanhou quando era mais novo chegando a ser roadie da banda. Nessa época ele começava a tocar bateria chegando diversas vezes a passar o som com a banda quando o baterista da banda se atrasava.
Foi assim que começamos a tocar e foi assim que começou a rolar uma sintonia musical muito forte entre a gente.

Momó: Quanto a formação, a banda já mudou alguma vez?! E qual a evolução notada por vocês na sonoridade do som desde o inicio da banda até hoje?

Ayuso: Mudou de formação três vezes. Chegando a ser um quarteto com Fernando Saiki na guitarra. Tivemos duas trocas de baixista passaram pela banda Gualter Viacava (2003-2008), Guilherme Maia (2008-2009) e agora quem nos acompanha é Renata Paola nossa atual baixista.
Acho que foram fases distintas, como toda banda, viemos evoluindo e amadurecendo com o passar dos anos. Acredito que agora estamos muito mais maduros do que antes. Tanto liricamente como musicalmente.
Herik: Cada integrante teve sua importância na maturidade e sonoridade da banda, aprendemos muito com cada um em cada fase e evoluímos a cada uma delas. Com a entrada da Renata creio que não seja diferente, novas idéias, novas influencias...


Momó: Falando de sonoridade ainda, como é o processo de gravação das musicas do MONAURAL? Sabe-se que cada banda tem a sua característica, apesar de seguir algumas regrinhas, sempre tem um toque peculiar de banda para banda.

Ayuso: Ainda não temos algo imposto em relação a isso. Temos como experiência três trabalhos que gravamos em 3 estúdios rolou de uma forma diferente. Acredito que o processo mais profissional e maduro aconteceu em expurgo, processo qual pretendemos repetir em nosso próximo disco que com certeza não irá ser igual, a evolução nas coisas é sempre inevitável.

Mono: Falando nisso, como é o processo de construção das musicas? Quem são os responsáveis?

Ayuso: Eu costumava escrever as letras e criar alguns esboços e levava pro ensaio. Isso acaba deixando a composição um pouco limitada, aprendemos isso com o tempo e agora com Renata, estamos mais abertos. Criando as músicas em parceria.
Renata: Temos uma sintonia muito forte, passamos muitas horas do dia tocando. Isso já rolava bem antes de entrar para o Monaural.
Herik: No começo do monaural, o Ayuso praticamente vinha com as musicas quase que prontas (riffs), até mesmo porque no inicio era relembrar as musicas do Bionic Shoes, mas com o passar do tempo a coisas foram mudando naturalmente, muitas musicas foram e estão sendo criadas no feeling dos ensaios. Outras, até já com esboço da guitarra foram mudadas no decorrer da criação.



Momó: Fugindo um pouco de assunto, quais são as maiores influências musicais do MONAURAL? No Brasil e mundialmente.

Ayuso: Acredito que 90% das influências são do rock da década de 90. Tentamos mesclar o grunge com o pos-punk. Gosto bastante de Nirvana, Helmet, Jawbox, Fugazi, Slint, Fang, Beatles, etc... Mas também ouço bandas nacionais também que indiretamente acabam nos influenciando, como Vaca de Pelúcia, Alarde, Visitantes, La Carne, Ludovic, Killing Chainsaw, Biggs, Patife band, etc.
Renata: Anos 90 em geral. Nirvana, Pixies, Hole, The Raveonettes, também gosto bastante de punk rock tipo Ramones, Deserdados, Ratos de Porão, etc... Gosto de coisas nacionais como Autoramas, Vaca de Pelúcia, etc...
Herik: Noventista!! Bandas como FNM, Shudder To Think, Nirvana , Helmet... me influenciam... La Carne, Biggs, Fuzzly, Alarde (to escutando bastante).

Momó: Falando de cena independente agora, o que isso significa para o MONAURAL?

Ayuso: Significa um aglomerado de bandas e artistas em busca de espaço para poder mostrar seus trabalhos. As bandas estão começando a se unir mais, mas ainda está um pouco carente de organização e incentivo cultural.
Renata: É fazer o que você gosta do jeito que você quer sem se apegar a rótulos.
Herik: Ayuso definiu bem o que significa a cena independente.

Momó: Projetos, como anda o MONAURAL nesse sentido?! FALEM DOS ULTIMOS TRABALHOS E DO ULTIMO CD AÍ PARA A GALERA.

Ayuso: Lançamos nosso bootleg “Som & Fúria” agora no começo de 2010. O disco saiu por um selo francês que divulga bandas independentes mundo afora, Chabane’s Records em pareceria com o site Minerva Córner. Estamos trabalhando em músicas novas para um possível split com uma banda do sul que não preciso dizer, mas o baterista está me entrevistando agora (megadrivers). Rs
Renata: Os projetos da banda agora são entrar no estúdio e gravar algumas músicas novas entre elas duas versões malucas que fizemos de duas bandas que gostamos bastante, Vaca de Pelúcia e o La Carne.
Herik: Estamos compondo musicas novas, logo menos entraremos em estúdio.

Momó: Quero que falem do presente, como é a aceitação da galera em relação à proposta da banda? Isso na perspectiva vocês é claro.

Ayuso: Acredito que mais pessoas estão se interessando pelo nosso trabalho. As coisas aqui no Brasil demoram. Tipo nosso disco Expurgo, está começando a repercutir e se espalhar para o público. Depois de 1 ano de shows de seu lançamento, as pessoas começam a digerir a sua proposta. Esperamos que essa aceitação continue a aumentar.
Renata: Eu acho que ainda tem uma galera Rock and Roll que está dando valor a banda e que não estão presos nessas modinhas, tipo esses emo lixo ai!
Herik: Vejo uma galera meio apreensiva ainda nas apresentações. Tocamos algo como “alto e agressivo” talvez seja um pouco difícil de ingerir no começo, mas a galera vem se interessando cada vez mais, e isso nos empolga.
Momó: Quero que falem um pouco de bandas que o MONAURAL tem o costume de escutar hoje em dia e quais as bandas “irmãs” de vocês aí em Sampa?! Se é que existe.

Ayuso: Eu e Renata estamos ouvindo bastante as mesmas bandas. Arcwelder, Carusella, Jawbox, Gang of Four, Talking Heads. Sobre as bandas irmãs.
Temos algumas bandas irmãs sim, entre elas tem o pessoal lá do ABC dos Espasmos do Braço Mecânico e Os Krias de Kafka. Aqui em São Paulo tem a galera do Vollupeo, pessoal do Zefirina Bomba. Em Curitiba temos o pessoal do Macedônia. No sul do país temos alguns amigos também como o pessoal da banda Loomer que ta dando um apoio pra gente e por ai vai...

Momó: Fugindo um pouco da formalidade, o que vocês esperam para o futuro? Futuro próximo ou um outro qualquer... Musicalmente falando é claro.

Ayuso: Futuro para mim é apocalíptico, 2012 está próximo!
Renata: Devastador, pois ainda estamos em 2010 e já está começando o fim do mundo.
Herik: Futuro? Quando?

Momó: Nesse espaço sempre vamos perguntar para as bandas, no final da entrevista, qual é a comida e a bebida predileta em consenso entre os integrantes da banda, ou de cada. E aí pessoal, quais são as do MONAURAL?!

Ayuso: Eu amo comida Japonesa e mesmo estando vivenciando uma fase Maria mole hahaha, gosto bastante de vinhos!
Renata: Eu também! Se deixar, eu e o Ayuso gastamos toda nossa grana no rodízio de sushis hehehe e minhas bebidas prediletas são cerveja e sucos naturais.
Herik: Comida portuguesa e italiana são favoritas, mas não dispenso um churrasco com cerveja,. S.Remy e café são as bebidas que eu curto. 51 com limão aposentei.
É isso aí rapaziada, essa é a banda paulistana MONAURAL. Aqui fica registrado um pouco do contexto dos caras, daquilo que os mesmos pensam e seus contatos (para o leitor sempre verificar o que os caras estão fazendo). Desde já agradeço aos que visitarem este espaço, a banda MONAURAL e ao apoio dos amigos que estão sempre juntos para uma maior difusão da musica independente.

POR: Momó Beleza.
http://www.sobradepanela.blogspot.com/

quarta-feira, 10 de março de 2010

Promo


Coletivo Buzina Elétrica

A noite da primeira edição do Intercâmbio, a festa do Coletivo Buzina Elétrica, teve uma série de situações que pareciam querer transformar o Buzina Elétrica em Sanfona Valvulada. A primeira impressão não foi das melhores, houve atraso no início da festa, as luzes do palco ficaram acesas o tempo inteiro, não havia uma moça simpática e bonita na recepção, o P.A. deu um susto em todos… Mas o tempo e o álcool minaram a angústia inicial. E por isso rolou. Até porque, de qualquer maneira, iria rolar.

Talvez por isso o Intercâmbio tenha assustado algumas pessoas. Nenhum fantasma apareceu, graças à luz constantemente acesa do palco, curiosa dor de cabeça para o Monaural na apresentação do SESC Vila Mariana, poucos dias antes. “Um repeteco de desgraças, novos fantasmas” pensei pela banda, não por mim. No entanto são raros os fantasmas que gostam de se exibir fora das trevas, e na noite de sábado isso ficou ainda mais difícil graças à sinergia musical que ali foi feita.

Quatro bandas e uma plateia destemida foram os grandes protagonistas da noite de 6 de março, que teve tempo feio, público modesto, gambiarras diversas mas, principal e essencialmente, boa música.

No dia anterior, Monaural e Krias de Kafka haviam se apresentado no Central Rock Bar, em Santo André. A ressaca aparentemente faltou ao compromisso e em nada afetou as apresentações no Cidadão do Mundo, marcadas por grandes momentos etílicos e não etílicos dos grupos presentes. Não houve comprometimento na apresentação, mas o estabelecimento nos deixou na mão quando a cerveja acabou -cedo. Quando isso aconteceu acabei me servindo de um vinho tão vagabundo que o Marcelo nem fez questão de me cobrar.

Quase às 23h, o Monaural voltou dos bares da rua, afinou seus instrumentos, perguntou da luz, recebeu numa resposta vazia algo como “a luz ta zuada, vai ficar assim” e desencanou em seguida. Foi ao som e por ali mostrou uma apresentação que há tempos eu não via. Eu sentia um grande chiado, uma pulsação estridente correr em meus ouvidos e em nada me incomodava, pelo contrário. O baixo volume dos microfones acabou não me atrapalhando tanto quanto imaginei, considerando que nos finalmentes eu já ouvia tudo muito bem e não continha um prazer óbvio de estar ali daquele jeito. A nova formação da banda fez uma das suas primeiras -ótimas- apresentações de 2010, e nesta fomos brindados com um gran finale digna duma banda que ostenta a bandeira grunge. Sorte a nossa.

Como bem disse o Ayuso do Monaural, as pessoas que viveram os anos 80 e 90 parcial ou completamente, que gravavam música em fitas k7 e videoclipes no videocassete, estão sentindo uma necessidade de se encontrar, de trocar ideias, de fazer girar um novo circuito musical, e isso já vem acontecendo, mesmo que timidamente.

Toda essa movimentação está alheia à má vontade (e ganância) das gravadoras e produtoras que não parecem fazer questão de colocar no mercado música honesta, feita por músicos sinceros. Estes reencontros fortuitos têm gerado estes pequenos movimentos que, juntos, direcionam suas ações para uma só vontade e crescem por si só.



Por: Daniel Perez

quinta-feira, 4 de março de 2010