quarta-feira, 10 de março de 2010

Coletivo Buzina Elétrica

A noite da primeira edição do Intercâmbio, a festa do Coletivo Buzina Elétrica, teve uma série de situações que pareciam querer transformar o Buzina Elétrica em Sanfona Valvulada. A primeira impressão não foi das melhores, houve atraso no início da festa, as luzes do palco ficaram acesas o tempo inteiro, não havia uma moça simpática e bonita na recepção, o P.A. deu um susto em todos… Mas o tempo e o álcool minaram a angústia inicial. E por isso rolou. Até porque, de qualquer maneira, iria rolar.

Talvez por isso o Intercâmbio tenha assustado algumas pessoas. Nenhum fantasma apareceu, graças à luz constantemente acesa do palco, curiosa dor de cabeça para o Monaural na apresentação do SESC Vila Mariana, poucos dias antes. “Um repeteco de desgraças, novos fantasmas” pensei pela banda, não por mim. No entanto são raros os fantasmas que gostam de se exibir fora das trevas, e na noite de sábado isso ficou ainda mais difícil graças à sinergia musical que ali foi feita.

Quatro bandas e uma plateia destemida foram os grandes protagonistas da noite de 6 de março, que teve tempo feio, público modesto, gambiarras diversas mas, principal e essencialmente, boa música.

No dia anterior, Monaural e Krias de Kafka haviam se apresentado no Central Rock Bar, em Santo André. A ressaca aparentemente faltou ao compromisso e em nada afetou as apresentações no Cidadão do Mundo, marcadas por grandes momentos etílicos e não etílicos dos grupos presentes. Não houve comprometimento na apresentação, mas o estabelecimento nos deixou na mão quando a cerveja acabou -cedo. Quando isso aconteceu acabei me servindo de um vinho tão vagabundo que o Marcelo nem fez questão de me cobrar.

Quase às 23h, o Monaural voltou dos bares da rua, afinou seus instrumentos, perguntou da luz, recebeu numa resposta vazia algo como “a luz ta zuada, vai ficar assim” e desencanou em seguida. Foi ao som e por ali mostrou uma apresentação que há tempos eu não via. Eu sentia um grande chiado, uma pulsação estridente correr em meus ouvidos e em nada me incomodava, pelo contrário. O baixo volume dos microfones acabou não me atrapalhando tanto quanto imaginei, considerando que nos finalmentes eu já ouvia tudo muito bem e não continha um prazer óbvio de estar ali daquele jeito. A nova formação da banda fez uma das suas primeiras -ótimas- apresentações de 2010, e nesta fomos brindados com um gran finale digna duma banda que ostenta a bandeira grunge. Sorte a nossa.

Como bem disse o Ayuso do Monaural, as pessoas que viveram os anos 80 e 90 parcial ou completamente, que gravavam música em fitas k7 e videoclipes no videocassete, estão sentindo uma necessidade de se encontrar, de trocar ideias, de fazer girar um novo circuito musical, e isso já vem acontecendo, mesmo que timidamente.

Toda essa movimentação está alheia à má vontade (e ganância) das gravadoras e produtoras que não parecem fazer questão de colocar no mercado música honesta, feita por músicos sinceros. Estes reencontros fortuitos têm gerado estes pequenos movimentos que, juntos, direcionam suas ações para uma só vontade e crescem por si só.



Por: Daniel Perez

Nenhum comentário:

Postar um comentário