sexta-feira, 17 de julho de 2009

Monaural na Mídia.

Monaural e a iminente volta do grunge.

Segundo o wikipedia e dicionários:

Grunge (grnj):

- Sujo; Imundo.- Estilo de música que incorpora elementos de Punk Rock e Heavy Metal, popularizado no início dos anos 90 e normalmente marcado por letras contendo niilismo, insatisfação e apatia.- Nirvana, camisas xadrez e calças jeans rasgadas com all-star velhos, de preferência azuis ou pretos.

O início dos anos 90 foram marcados pelo Grunge, iniciado na segunda metade dos anos 80 saindo do underground para cair no mainstream graças ao disco Nervemind, do Nirvana, lançado em 91.

Antes do Nirvana, outras bandas apareceram inciando a cena e alguns deles, servindo de influência (entre outras bandas mais antigas e de outros estilos) para o próprio Kurt Cobain; Entre elas podemos citar The Melvins, Sebadoh, Mudhoney, Soundgarden, Butthole Surfers, The Vaselines entre outros, mas com certeza Nirvana foi quem destacou o estilo. Após tal estouro, o número de bandas que apareceram ou que já existiam mas “tomaram na fonte” foram inúmeras tais como Screaming Trees, Alice in Chains, Hole, Presidents of the United States of America, Paw, Temple of Dog, Babies in Toyland, Hammerbox e L7.

A “meca” do grunge foi Seattle, no estado de Washington nos EUA. Na época, a cidade era o “lugar para se estar” no momento onde o rock respirava novamente, justamente por ser o ponto central onde todas essas bandas surgiam no fim dos anos 80 e ao contrário do que muitos pensam, NÃO é a capital de Washington (a capital é Olympia). Seattle era o ponto de encontro pois era a cidade de São Paulo do estado de Washington (sacou a comparação?) e por isso, o lugar onde as bandas queriam fazer shows e onde todo mundo estava mais “antenado” no que acontecia era justamente lá. Por isso, bandas como Nirvana saiam de suas cidades, no caso deles Aberdeen, para irem à Seattle (passando antes por Olympia, muitas vezes). Vale lembrar ainda, que Seattle é conhecida para nós por Nirvana e o Grunge, mas por lá, o orgulho principal ainda é Jimi Hendrix.

A queda do Grunge, estilo musical ao qual muitos se referem como a melhor coisa que aconteceu aos anos 90, deu-se após a morte de Kurt Cobain em Abril de 94. Logo após, veio o Post-Grunge que mesclava o estilo com um rock um pouco mais Pop, e daí vieram bandas como Bush, Candlebox, Silverchair, Collective Soul e o próprio Foo Fighters de Dave Grohl.

Há um clichê que diz mais ou menos o seguinte: A cada 20 anos, ou seja, um par de décadas, temos uma moda que volta com força total e normalmente trata-se de música e roupas. Isso na verdade começou a acontecer mais no fim da década de 80, quando a cultura pop já havia estabelecido seu lugar ao sol como algo que jamais iria embora e os jovens já haviam estabelecido sua força de expressão. Para os que nasceram entre 79 e 83, pergunto, quem não se lembra da moda anos 70 que veio do nada e foi embora tão rápido quanto em meados dos anos 90? De repente calças boca-de-sino apareceram, cores pastéis voltaram a fazer parte de mobílias e roupas e por aí vai…E essa década de agora? (que até hoje não sei do que chamar – 00’s?, 2000’s?) Não vivemos um BOOM de anos 80? Festa em todos os cantos, roupas, músicas, a cultura vintage dos video-games com revival absurdo de Atari e Nintendo 8 bits. Enfim, aconteceu e agora podemos sentir de leve a nova transição.

Pois é, os anos 90 estão voltando.

Pequenas perguntas abrem os olhos do curioso leitor: Já perceberam a quantidade de camisas xadrez e de flanela que estão à venda nas lojas? Calças rasgadas mostrando os joelhos branquelos do povo? Alice in Chains, Faith no More e Stone Temple Pilots voltando a fazer shows?É, os anos 90 estão aí novamente, e diferentemente do que foi nessa década, eu fico extremamente feliz! Pô, eu era grunge! Cresci ouvindo e aprendi a gostar de música sozinho, com isso! (tive outros empurrões quando era bem pequeno com Beatles e outros básicos dessa vida).

Inúmeras bandas atuais já apontam a volta do Grunge como algo iminente e muitas delas baseam-se totalmente no estilo como é o caso da Pandora (Aachen-Bélgica), Spayed (Seattle – EUA), Vendetta e Sassy (ambos da França). Há inclusive um site, que encontra-se atualmente em fase de atualização que chama-se Minerva – The Grunge and Alternative music corner que nada mais é do que a reunião de todas as novas bandas Grunge que estão surgindo e todo o “revival” do movimento na região de Seattle. Vale a pena dar uma checada quando voltarem ao ar. (O site dá a entender que será dia 10 de julho)

E no Brasil? Alguma banda está revivendo o Grunge? A resposta é SIM e com grande competência!Posso dizer que não tínhamos algo do tipo desde Killing Chainsaw e Pin-Ups!!Trata-se da banda Monaural de São Paulo, formada em 2003 e que desde 2008 vem ganhando espaço cada vez maior na mídia graças ao lançamento do primeiro disco “Expurgo” com a capa assinada por ninguém menos que o quadrinista Marcatti.

O mais interessante é que a banda traz de volta toda a agressividade e sonoridade do Grunge com letras em português e composições muito interessantes. Influências da banda vão desde de todas as bandas citadas acima até outras menos óbvias como Talking Heads, Black Sabbath, Verbena, Fugazi e Sunny Day Real Estates.Conheci a banda por acaso. Um dia fui encontrar uma amiga para uma água num bar na Augusta, e sentado com ela estava Ayuso Lourenço, o vocalista da banda. O papo veio e foi e fui embora dali sabendo apenas que Ayuso tinha uma banda e que o nome era Monaural. Ficamos amigos e mantivemos contato, até que depois de muito tempo, por volta do início de 2009 acabei finalmente indo a um show dos caras. Eu havia acabado de voltar dos EUA, mais especificamete de Seattle, e voltei com Nirvana e o Grunge totalmente acesos na minha cabeça acompanhados do livro “Journals” que traz páginas na íntegra do diário de Kurt Cobain e o livro “Cobain Unseen” (recomendo ambos). Cheguei no show (no Outs, em SP) sozinho com a mão nos bolsos, sabendo apenas que o Ayuso me receberia e que a banda tocava algo próximo ou como grunge (o engraçado é que até então eu não havia demostrado a menor curiosidade de ouvir a banda, muito menos procurar na internet, não sei porque!). Após um papo rápido com Ayuso, fiquei num canto do balcão do bar com meu copo de Toddy aguardando o início do show, indo para um dos lados do palco quando este começou.Meu conecito de show ao vivo e “bandas grunge não existem mais” mudou naquele exato momento, nos primeiros 2 minutos de música rolando.

Eu nunca havia visto uma banda tocar com tanta vontade e nunca havia me empolgado tanto num show como naquele. Além de tocarem muito bem as músicas que estão no álbum Expurgo (ou seja, não diminuem a qualidade quando ao vivo), possuem uma presença de palco incrível e totalmente insana. Ayuso, Guilherme e Herik pareciam só voltar a si na pausa entre as músicas; fora disso, entravam num transe gigante e interpretavam cada uma das músicas com uma intensidade que eu nunca havia presenciado antes. Destaco a hora em que Aysuo larga a guitarra e passa a fazer sons estranhos com os pedais ligados à sua guitrra. No primeiro show no qual fui, ainda fizeram um cover de Nirvana (Territorial Pissings), que apesar de óbvio, caiu como uma luva para o momento.Atualmente além de shows, Monaural entrou em pré-produção para seu primeiro clipe.

Enfim, apesar de hoje serem amigos, na maior imparcialidade possível recomendo com louvor Monaural e seu álbum Expurgo.

É isso! Viva o grunge! Aguardo feliz da vida sua volta, se esta de fato acontecer.Ah! E o Pearl Jam não é, não foi e não será Grunge!

Por André Peniche
http://gomademascar.virgula.uol.com.br/2009/07/15/monaural-e-a-iminente-volta-do-grunge/#more-1835

Nenhum comentário:

Postar um comentário